Porteiro é agredido por morador armado em condomínio em Natal: ‘Disse que eu não sabia trabalhar e que eu ia morrer’
Agressor arrancou o portão do condomínio e depois invadiu portaria ameaçando, empurrando e dando socos no profissional
Um morador agrediu verbalmente e fisicamente o porteiro de um condomínio na Zona Sul de Natal com xingamentos, empurrões e socos. As câmeras de segurança do prédio registraram as agressões (veja aqui).
Segundo o porteiro, o morador o agrediu ao sair e, depois de um tempo, voltou armado e fez novos ataques.
No vídeo, é possível ver que o morador quebrou o portão do condomínio e o arrancou em seguida. Depois, ele invade o posto do porteiro.
“O rapaz foi saindo do condomínio já levando o portão na mão. Arrancou e jogou fora. Aí voltou, abriu a portaria, já me agredindo com socos, falando que eu não sabia trabalhar e me disse que eu ia morrer”, disse o porteiro de 53 anos, que preferiu não se identificar.
“Ele saiu pra uma reserva na churrascaria, conversou com um amigo dele, pegou uma pistola, voltou de novo e me agrediu de novo. Até cair eu caí, quebrando os dedos da mão”.
O morador que agrediu o porteiro é policial penal. O g1 e a Inter TV Cabugi não conseguiram contato com ele. A Secretaria de Administração Penitenciária disse que não vai se manifestar sobre o caso.
O porteiro teve o punho, a mão e parte da face machucada. Mais dois outros porteiros presenciaram o fato. “Inclusive eu acho que ele não me matou lá, porque os meninos entraram no meio”, disse o profissional.
O porteiro foi afastado pela empresa na qual trabalha por 30 dias para tratamento médico e acompanhamento do caso. Ele agora teme o retorno às atividades.
“Eu tenho que voltar a trabalhar. Como eu vou trabalhar num condomínio desse, sendo ameaçado de morte? Não tem como eu trabalhar num condomínio desse”, disse.
O que dizem a empresa e o condomínio
O advogado do condomínio, Eriberto Rocha, disse que quanto às medidas de proteção aos funcionários e prestadores de serviço, “já foi solicitado à empresa [para qual o porteiro trabalha] um estudo para revisar os procedimentos de segurança visando dar maior proteção ao colaboradores”.
Segundo ele, “na parte de estrutura está sendo analisado pela administração as formas de reforçar as grades e portões para evitar que novos arrombamentos ocorram”.
O advogado informou que o morador foi punido de acordo com o regimento. “Essas medidas têm o caráter educativo e punitivo. Nesse caso, a punição pode chegar a multa, além de reparar os danos causados ao condomínio e ao porteiro agredido”, disse.
A ideia é alterar o regimento para “punições mais severas para esse tipo de caso”, acrescentou.
O advogado também informou que o condomínio prestou assistência ao porteiro e que inclusive “foi a síndica quem o acompanhou até a delegacia e permaneceu até o término dos procedimentos”.
A empresa na qual o porteiro é funcionário e que presta serviços ao condomínio também repudiou as agressões e disse que está dando todo suporte à família. “Também nos disponibilizamos com a família pra ajudarmos com algum medicamento, algo que ele precise durante esse período”, disse Paulo Costa, diretor da Fortaleza Serviços.
“Nós vamos dar apoio jurídico e geral no que a família precisar. Pra que esse caso não fique impune. O que aconteceu é altamente desumano”.
Além do dano físico, o diretor cita também o trauma psicológico. “Tem uma questão psicológica também. Existem nas convenções coletivas um resguardo à saúde do funcionário, mas ela no final das contas trata muito dos casos excepcionais. Então existe uma indenização no caso de falecimento, no caso de lesões permanentes, mas não abrangem essas lesões psicológicas, que é onde acho que vai apertar pra ele” lamenta.
Problemas anteriores
Segundo o diretor da empresa, ele é um profissional querido na empresa e pelos moradores do condomínio, onde ele está de maneira fixa há cerca de seis anos. A relação com esse morador, no entanto, já tinha tido problemas anteriores.
“Já havíamos recebido algumas situações lá no condomínio entre ele e esse morador. Algumas coisas mais antigas, mas de cumprimento de procedimentos por parte do porteiro”, disse Paulo Costa.
“Muitas vezes o morador quando ele quer descumprir algo, acha que o funcionário está querendo passar por cima da autonomia dele como morador, mas quando esse ato está além dos limites do regulamento, o porteiro e os administradores têm que intervir e muitas vezes as pessoas acham que estão sendo intimidadas ou amedrontas por eles estarem apenas cumprindo a função”.
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