Após elaborar projeto de segurança para condomínio de alto padrão recém entregue na Zona Sul/SP, apresentei aos moradores em Assembleia as vulnerabilidade e soluções em segurança encontradas, principalmente no que tange ao controle de acesso de pessoas e veículos e também com relação a proteção perimetral.
Em relação a proteção dos muros do empreendimento, mostrei, inicialmente, a facilidade de transposição através da rua lateral e fundos do condomínio. São locais de baixa movimentação de pedestres e autos, principalmente no período noturno, além do que, os vizinhos são, em sua maioria, escritórios comerciais. Comentei na reunião que os equipamentos entregues pela construtora para proteção dos muros citados eram sensores infravermelhos de barreira, que detectam movimento e funcionam através de um transmissor e um receptor que emitem feixes de luz. Se alguém tentar transpor muro ou gradil, o discreto equipamento consegue detectar o intruso e o alarme será disparado.
O problema é que a transposição do muro não é dificultada, apenas identificada, isso quando o equipamento está funcionando corretamente, mas não é incomum acontecerem falhas e disparos de alarmes de forma acidental.
Minha sugestão no projeto de segurança que apresentei para dificultar ao máximo a tentativa de transposição dos muros mencionados, foi a instalação de equipamento físico robusto e eletrificado. Mostrei fotos de prédios do mesmo padrão que tinham esse equipamento instalados. Comentei, ainda, do fator dissuasivo dessa solução em segurança.
No entanto, uma moradora, pediu a palavra e disse que o equipamento iria tirar a estética do condomínio de luxo, portanto, ela era favorável a deixar apenas o infravermelho já instalado pela construtora.
Expliquei que após o período mais crítico da pandemia, o número de invasões a prédios na cidade de São Paulo tinha aumentado muito e a transposição de muros era um dos problemas. Exibi manchetes de sites e vídeos mostrando marginais pulando muros e gradis de edifícios, mas, mesmo assim, a moradora manteve sua opinião.
Alguns moradores se manifestaram em apoio a minha solução, enquanto outros estavam na cruel dúvida entre segurança versus estética.
Ao terminar a apresentação do meu plano de segurança, disse que caberia aos moradores, em votação, a escolha do nível de segurança desejado, que era uma questão de prioridade e foro íntimo de cada pessoa.
Por outro lado, salientei que prédios que optam em valorizar mais a estética que a segurança patrimonial, mudam completamente de postura quando ocorre o primeiro sinistro. Aproveitei ainda e mostrei dois vídeos de criminosos transpondo com facilidade muro e gradil de dois prédios em São Paulo, que tinha os mesmos sensores infravermelhos instalados no condomínio de classe média alta, que fui contratado para realizar “Projeto de Segurança”.
Após mais de 20 anos realizando consultoria para condomínios residenciais e comerciais, entendo que logo após eventual invasão criminosa, o clima de pânico se instala entre os condôminos e o síndico passa a ser cobrado pela instalação imediata de equipamentos físicos e eletrônicos e também a contratar mais funcionários para a segurança. Nesse clima de apreensão, minha experiência como especialista em segurança pública e privada aponta que os prédios acabam gastando muito mais que o necessário, pecando pelo excesso e muitas vezes pela falta de consultoria para avaliar o que realmente é necessário implementar. Nessa situação, em decorrência da urgência, muitas vulnerabilidades não são sanadas e parte do problema permanece.
Para finalizar, voltando ao edifício em que falei no início deste artigo, na hora da votação a maioria esmagadora aprovou integralmente minhas soluções em segurança, somente a moradora, que era favorável em manter os sensores infravermelho no muro, foi contra, o que é comum, pois é difícil para algumas pessoas rever suas convicções, principalmente em público.