A partir da década de 40, seguindo o desenvolvimento econômico do país, percebeu-se uma profunda alteração na paisagem urbana brasileira principalmente no modo de morar. Foram surgindo os prédios e condomínios e consequentemente o aumento das responsabilidades em administrá-los. Foi quando em 1964, no governo do presidente H. Castello Branco, foi sancionada a Lei 4591que regulamenta os condomínios, desde a sua instituição até a forma de sua administração.
Viu-se naquele momento o surgimento das primeiras administradoras de condomínio do país, que sem contar com qualquer recurso tecnológico, apresentava balancetes de prestação de contas manuscritos e movimentava recursos financeiros muitas vezes sem integração bancária.
Os anos se passaram, e o crescimento urbano continuou acelerado. Em todas as regiões metropolitanas do país, 11 milhões de brasileiros viviam em apartamentos em 2010, 21% mais do que dez anos antes. A segurança e a comodidade em se viver em um condomínio são os principais fatores apontados para esta migração. Com isso, viu-se a necessidade de se rever e criar novas normas de convivência, sancionando-se então a Lei 10406 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso que revogou alguns artigos da lei de condomínios e criou outros, dentro da realidade do país à época. Viu-se neste momento outro ponto de mudança de hábito das administradoras de condomínio. Com o advento da tecnologia, principalmente da internet, as relações em comunidade mudaram, e as administradoras tiveram que se reinventar, deixando de lado a forma antiga de se administrar, para então adotar processos mais dinâmicos e transparentes, através da criação de portal do condomínio para consulta a balancetes e retirada de segunda via de boletos.
Porém, já na quase no fim da segunda década do século XXI, novos movimentos se tornaram preponderantes para a sobrevivência das administradoras de condomínio. Os clientes já não se contentam com empresas que fazem o básico, ou seja, balancete, boleto, e demonstração em internet. As empresas devem se reinventar. Com o surgimento das startups e fintechs (startups ligadas ao mercado financeiro), a grande tendência é que aplicativos autoexplicativos tomem conta do mercado, com custo baixo e que fazem todo este papel ora exercido pelas administradoras. Temos exemplos de contas digitais com custo zero, aplicativos de reserva de espaços, segurança que se encontram em cada esquina. Por isso, o foco deve ser alterado, não mais de serviços burocráticos para síndicos, mas sim, de proporcionar a melhora da convivência entre as pessoas que residem em um condomínio. E esta melhora vem de várias formas, através de ações promocionais em condomínios, redes de relacionamento e programas de fidelidade, consultorias financeiras ativas demonstrando tendências e possibilidades de otimização de custos, além é claro de contar com toda a tecnologia através de inteligência artificial e melhoria dos processos de relacionamento com o cliente. O mundo moderno exige rapidez na resposta, de forma assertiva e veloz. Não perdoa. Errou, está fora.
É chegada a hora da mudança, de postura, de conceitos e do jeito de se fazer. Tem que se reinventar, ou senão, o mercado engole.
*Daniel Nahas