A invasão de um condomínio de luxo no Jardim Paulistano, na madrugada de domingo, 27, quando 17 ladrões amarraram os moradores e levaram R$ 3 milhões em joias, trouxe apreensão para quem mora nos conjuntos residenciais da região sul de São Paulo. Moradores temem a volta de arrastões.
“Muitos moradores estão relatando o medo da volta dos arrastões aos prédios. Isso tinha diminuído um pouco nos últimos meses. Tivemos casos isolados com jovens e adolescentes que invadiam os condomínios. Mas temos medo que os arrastões voltem”, diz Luzia Maziero Fernandes, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do Itaim Bibi e coordenadora do programa Vizinhança Solidária na região.
O conselho do Itaim Bibi abrange os bairros de Jardim Europa, Vila Nova Conceição, Vila Olímpia, Jardim Paulista e Jardim Paulistano, exatamente onde ocorreu o assalto de domingo.
Moradores de outras regiões nobres também mostram preocupação. Rodrigo Salles, presidente do Conseg Jardins, pede a mobilização de síndicos, zeladores e das autoridades policiais em torno dos assaltos aos condomínios. “É o momento de se mobilizar, tanto em condomínios horizontais ou residenciais, e tomar cuidados maiores com os assaltos. As pessoas percebem que esse crime vem aumentando novamente.”
Salles atribui os assaltos aos condomínios à dinâmica do crime na cidade de São Paulo. Em sua visão, as ações da polícia estão pressionando o crime organizado, principalmente na região da cracolândia. “As autoridades precisam estar atentas porque o crime vai migrar para outro lado.”
Fernando Sampaio, presidente da AME Jardins, associação que representa os moradores dos Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano, identifica “muita sensação de insegurança” nos bairros. Ele acha importante informar os moradores sobre as principais novidades na área de segurança, o “modus operandi” da maioria das ocorrências e ouvir autoridades da PM da região.
“Ocorrências como esta mostram que os condomínios não são ilhas isoladas. Fortalecer os laços com os vizinhos, polícia e associação de bairro é fundamental”, afirma.
Moradores perguntam sobre detalhes do assalto
Luzia Fernandes conta que recebe mensagens de moradores de 32 condomínios com preocupação sobre o episódio de domingo. A maior parte das dúvidas se refere à dinâmica do assalto do último domingo quando pelo menos 17 homens armados – inclusive com fuzis – invadiram um condomínio de luxo e roubaram R$ 3 milhões em joias.
Para driblar o esquema de segurança, formado por câmeras e cercas elétricas, os ladrões pularam o muro de um imóvel ao lado. Ali, o terreno está vago, à espera de uma demolição. Os ladrões entraram na parte mais baixa do muro, já deteriorada, onde não existem os cacos de vidro que estão nas outras paredes. Não há cerca elétrica neste imóvel.
A partir da localização do celular de uma das vítimas, a Polícia Militar chegou a três suspeitos na avenida Pasquale Gallupi, na zona sul de São Paulo. De acordo com a polícia, os suspeitos fugiram diante da aproximação. Outro suspeito foi detido, mas nada foi encontrado. Os dois veículos utilizados (um Volkswagen Tiguan e um Honda Civic) pelos criminosos foram recuperados.
“Falando em teoria, porque não conheço os detalhes da ocorrência, quando existe uma falha no condomínio, ela precisa ser corrigida. Os pontos de vulnerabilidade podem ser falha de equipamento de segurança ou falta de procedimento e de controle”, diz José Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC).
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que, desde o início deste ano, tem intensificado ações de combate à criminalidade na região central. Nos primeiros seis meses deste ano, a polícia conseguiu prender ou apreender 1.322 criminosos, representando um aumento de 68,4% em comparação ao mesmo período do ano passado. Somente entre os dias 22 e 30 de julho foram presas um total de 88 pessoas na região da cracolândia, sendo 23 dos indivíduos procurados pela Justiça.
Sobre o roubo no condomínio de luxo no Jardim Paulistano, a SSP diz que o caso foi registrado pelo 89º DP e é investigado pelo 15º DP. “A autoridade policial realiza diligências, analisa imagens e efetua pesquisas nos sistemas policiais de inteligência a fim de identificar e prender os envolvidos, bem como recuperar os objetos subtraídos. Mais detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial.”
Fonte: https://noticias.uol.com.br/