Administradora do segmento lança e-book para ajudar prédios a saírem do vermelho; taxa de inadimplência em 2022 superou a de 2021
Os síndicos que não nos ouçam, mas não há nada mais chato do que uma reunião de condomínio. Ok, pode existir uma exceção ou duas, mas essa é a mais pura verdade. E uma verdade perigosa, pois são em reuniões do tipo que a verdadeira situação do condomínio vem à tona.
Só quem encara encontros do gênero costuma ficar sabendo, por exemplo, que um ex-funcionário deu entrada em um custoso processo trabalhista e que um cano da garagem está à beira de romper. E só quem frequenta essas tediosas reuniões pode participar das decisões que poderão mexer com a vida de todos os moradores – e possivelmente com o bolso.
Afinal de contas, caso o condomínio seja processado e não haja dinheiro suficiente em caixa para arcar com o prejuízo, vai sobrar para todo mundo. O mesmo vale para obras emergenciais ou qualquer tipo de melhoria. Se a meia dúzia que participa dessas reuniões decidir que cada uma das unidades terá de pagar R$ 500 a mais por mês para trocar os equipamentos da academia, não há o que fazer.
Felizmente, os tópicos que são deliberados em cada reunião precisam ser previamente divulgados pelo síndico. Isso evita que você seja pego desprevenido e te permite participar só dos encontros que realmente importam.
Mas isso não diminui a importância de cada um dos condôminos acompanhar as finanças do prédio com atenção. Por sinal, quando foi a última vez que você conferiu a prestação de contas do seu edifício? Trata-se de um documento fundamental para conferir, mesmo que por alto, como está a situação econômica do condomínio e se há algum rombo à vista. O patamar de inadimplência, por exemplo, que pode impactar diretamente no dia a dia de todos, precisa ser informado nas prestações mensais.
O atraso no pagamento dos condomínios está em alta no país. De acordo com a administradora de condomínios APSA, a taxa de inadimplência do segmento ficou em 17% em 2022, contra 12% no ano anterior. Para chegar a esses números, a empresa esmiuçou os vencimentos dos mais 2,7 mil condomínios que ela administra no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Distrito Federal, na Bahia e em Pernambuco.
“A pandemia arrefeceu, mas a perda de renda e o endividamento das famílias continuam e isso se reflete diretamente na inadimplência das cotas condominiais”, afirma João Marcelo Frey, gerente da APSA.
Segundo ele, a escalada das taxas de juros favorecem a falta de pagamento. “Se a pessoa tiver que escolher entre quitar o cartão para poder comprar itens básicos ou pagar o condomínio, provavelmente vai ficar com a primeira opção”, acredita o especialista.
Convém lembrar que deixar de honrar os vencimentos do condomínio pode ser arriscado. Em primeiro lugar porque isso prejudica o funcionamento do prédio. Se algum morador deixar de pagar o que deve, fatalmente vai faltar dinheiro para as despesas regulares dos edifícios. Mais: quem está devendo não pode participar das decisões tomadas em assembleia e corre o risco de ser alvo de uma ação de despejo.
A APSA lançou o ebook “Como recuperar a saúde financeira do seu condomínio?”, gratuito, que reúne diversas dicas para equacionar o orçamento de prédios e afins. Aborda tanto a delicada questão da inadimplência quanto os gastos com funcionários e a importância de cortar despesas desnecessárias.
O lançamento é voltado tanto para síndicos como pessoas em geral. “Os moradores estão cada vez mais interessados nas decisões coletivas dos condomínios, o que contribui para uma gestão participativa”, afirma o gerente da APSA.