De acordo com o Sports Club, “o condomínio não pode ser responsabilizado por atos imprevisíveis de terceiros” mesmo que dentro do local
O Condomínio Sports Club, no Guará 2, ganhou destaque nos noticiários devido às agressões desferidas por um agente administrativo da Polícia Federal contra um garoto de 13 anos. Na sexta-feira (8/10), o residencial se manifestou sobre as imagens de violência registradas por câmeras de segurança no estacionamento do local. Segundo a administração do conjunto de prédios, “a conduta do visitante é absolutamente repudiável”.
O caso ocorreu em 26 de setembro e foi revelado pelo Metrópoles (7/10). Segundo o pai do adolescente, na ocasião, havia uma festa no prédio e as crianças brincavam no subsolo. Em certo momento, uma das crianças esconde o chinelo da filha do servidor da PF, identificado como Daniel Peruzzo Jardim.
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Em seguida, o agente, que tem porte para arma de fogo, desceu pelas escadas, foi em direção ao grupo e observou a sandália ao lado do garoto. Nesse momento, as imagens flagram a movimentação das crianças e do autor, que deu diversas chineladas no rosto do adolescente.
Diante da repercussão do caso, a administração do condomínio enviou nota ao Metrópoles onde diz que “a conduta do visitante é absolutamente repudiável, porém trata-se de um caso que deve ser tratado nas instâncias cabíveis”.
Segundo o texto, “o condomínio não pode ser responsabilizado por atos imprevisíveis de terceiros, mesmo que os atos tenham ocorrido nas áreas comuns”.
O advogado da administração do condomínio disse, ainda, que foram fornecidos “todos os meios disponíveis para a apuração dos fatos e respondeu aos questionamentos feitos, sempre no limite da sua competência, conforme estabelecido na Convenção/Regimento Condominial”.
Agente exonerado
Daniel Peruzzo Jardim foi exonerado do cargo comissionado que ocupava no Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) após as cenas de agressão serem divulgadas. A exoneração aparece publicada no Diário Oficial da União (DOU) dessa quinta-feira (7/10).
A pasta, entretanto, não informou se a decisão ocorreu após a repercussão do caso.
O menino agredido é filho do fisioterapeuta Victor Krisna Oliveira Rodrigues, 46. “Ele tomou partido da filha dele sem saber o que aconteceu. Bater em uma criança é algo muito grave”, reclama o pai. O Instituto Médico Legal (IML) constatou uma lesão no nariz do garoto.
Sequelas
Segundo Victor, após o incidente, os filhos começaram a apresentar inquietação. “Meu filho não dorme, está choroso e não desce mais para brincar no prédio”, revela. O segundo filho do fisioterapeuta tem 7 anos e presenciou o momento. “Ela é muito apegado ao irmão e bem mais emotivo.”
“São brincadeiras entre crianças e, quando tem algo que te desagrada, o normal é conversar com os pais. Esse cidadão já desceu com o intuito de agredir. Foi algo chocante ver um homem batendo em um menino que não é filho dele”, lamenta.
Ameaça
O advogado da família do garoto agredido, Julio Cezar da Silva Pereira, conta que a mãe, ao saber da situação, acionou a Polícia Militar. Segundo o defensor, o autor não se intimidou e teria dito: “Eu bato no PM e bato em você”.
O advogado revela que pretende ingressar com uma representação contra o agente administrativo da PF. “Vou pedir para ele não se aproximar do condomínio nem do menino, e vou entrar com uma ação por danos morais contra o condomínio por omissão”, destaca. “O menino não está conseguindo sair de casa, a mãe está pensando em vender o apartamento”, complementa Julio Cezar.
O caso foi levado à 4ª Delegacia de Polícia (Guará), onde o servidor assinou um termo circunstanciado. A polícia concluiu a investigação em três dias e foi remetida ao Juizado Especial Criminal e do Juizado de Violência Familiar Contra a Mulher do Guará. Na Justiça, está tipificada como lesão corporal leve, além de crimes contra a honra, injúria, crimes contra a liberdade pessoal e ameaça.
Procurada pela reportagem, a Polícia Federal não se manifestou sobre a atitude do servidor. O Metrópoles não conseguiu localizar a defesa do investigado. O espaço permanece aberto.
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