No universo condominial, o contexto da elaboração das previsões orçamentárias é totalmente diferente da dinâmica dos índices oficiais divulgados pelos órgãos governamentais. Existe, sem dúvida, uma relação com o contexto dos preços de mercado e das tarifas das concessionárias. Contudo, é imperioso a compreensão de que os condomínios têm “inflação” própria.
Nesse sentido, deve-se saber que justamente o item mais importante, apesar de ser um dos mais desprezados, é a relação, ou seja, a interdependência do índice no condomínio, com fatores não diretamente relacionados aos preços ou reajustes para o período. Como exemplo, é possível citar:
- Em que estado o síndico recebeu as áreas e os equipamentos comuns?
- Como foi realizada a manutenção dos equipamentos na gestão anterior: corretivas ou protelatórias?
- Quais novos itens foram incorporados ao condomínio, cuja manutenção não constava na previsão de despesas do corrente período?
As respostas a esses questionamentos devem, então, se juntar na comparação entre orçamento previsto e o realizado e, assim, incorporar aos reajustes programados os novos componentes que elevarão os custos do período.
Para além dessas peculiaridades, é válido destacar a fundamental importância de se conhecer alguns conceitos contábeis, uma vez que eles fornecem ao gestor condominial ferramentas de controle dos empreendimentos e de seu patrimônio, informações essenciais para a tomada de decisão e para facilitar o planejamento como um todo.
No planejamento financeiro de qualquer condomínio, independentemente de seu tamanho e de sua finalidade – comercial ou residencial – itens como depreciação e controle do patrimônio também não podem ficar fora. Essa forma de abordagem traz em seu bojo uma perspectiva mais realista e efetiva de proteção do patrimônio comum.
Nesse contexto, um erro bastante comum praticado pelos condomínios é cometer gastos incessantes com manutenção de equipamentos já com vida útil esgotada. Uma projeção realista no longo prazo tornaria a aquisição de um novo muito mais viável. A questão é a percepção de que uma previsão orçamentária anual é parte integrante de um planejamento financeiro mais amplo. E o prazo desse planejamento dependerá da capacidade socioeconômica de cada empreendimento.
Acrescente-se a isso a noção que todo ativo (bem adquirido) ou área criada gerará um passivo (gastos) com a sua conservação e ou manutenção, mesmo que a verba tenha sido oriunda de arrecadação extra. O que incorporará nos gastos serão componentes necessários da previsão orçamentária do período.
Aqui, cabe uma ressalva. Isso não significa, em hipótese absoluta, que não se deve renovar ou atualizar os componentes e áreas comuns das edificações. Ao contrário, é fundamental que se faça, para que cada possuidor de unidade bem como seus familiares possam ter o conforto necessário na sua utilização. A constante atualização do patrimônio no empreendimento faz parte das atribuições de quem atua como gestor condominial.
Se você atua nessa área, considere esses cuidados antes de apresentar uma previsão orçamentária para o próximo exercício baseado ou justificado em índices que não refletem a realidade do condomínio. Lembre-se: cada condomínio tem seu próprio índice de inflação.