Um levantamento do Jornal Nacional revela que pelo menos 100 edifícios na rua de comércio popular mais movimentada de São Paulo não cumprem as normas de segurança do Corpo de Bombeiros.
Um levantamento do Jornal Nacional revela que pelo menos 100 edifícios na rua de comércio popular mais movimentada do país não cumprem as normas de segurança do Corpo de Bombeiros. É a mesma área em que um prédio ficou em chamas por quase 4 dias.
A Rua 25 de Março tem muito mais lojas do que parece. Elas se espalham por dentro de prédios altos e centros comerciais com labirintos de boxes que vendem de tudo. Sobra pouco espaço para os corredores no meio de tanta mercadoria.
Entre várias bolsas, tem um extintor de incêndio descarregado. A escada de emergência leva até uma caixa para mangueira de incêndio. Difícil é conseguir abrir a porta, mas também não ia adiantar porque o equipamento não está lá dentro.
No segundo andar, até tem uma mangueira, com um aviso: não pode bloquear o acesso. Só que bem na frente tem um monte de caixa e vários carrinhos. Em cima dos boxes, um emaranhado de fios alimenta a iluminação do local.
Um shopping funciona sem o auto de vistoria dos bombeiros, o AVCB, um documento obrigatório que garante que um lugar tem os equipamentos adequados de segurança contra incêndio instalados da maneira correta.
“Na hora que um prédio pega fogo e ele tem AVCB, usualmente ele vai ter menores chances desse fogo se alastrar. As pessoas vão ter mais chance de escapar em segurança e o bombeiro vai ter mais facilidade em controlar esse incêndio”, explica Rogério Lin, da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Fez uma semana que um prédio de 10 andares pegou fogo na região da 25 de Março. O trabalho de demolição deve demorar pelo menos três meses, o edifício também não tinha o auto de vistoria dos bombeiros e um levantamento feito pelo Jornal Nacional mostra que a maior parte dos prédios da 25 de Março também não tem esse documento.
Na rua inteira, que tem 1,3 km, e na ladeira Porto Geral, 46 prédios estão regulares. Pelo menos 100 não têm o documento dos bombeiros. São lojas de rua, agência de banco, lanchonete de rede de fast food, prédios inteiros, um deles tem 11 andares.
Em um outro edifício irregular uma situação grave: saída de emergência e as duas portas estão trancadas com cadeado.
O Corpo de Bombeiros de São Paulo diz que só em 2022 já fez 43 vistorias na região da 25 de Março, que alguns prédios estão em processo de regularização e que vai intensificar a fiscalização na área.
“Foram geradas 61 fiscalizações após o incidente ocorrido, que acontecerão nas próximas semanas, além das demais que já foram feitas. Só no ano de 2022, o Corpo de Bombeiros realizou 9.300 fiscalizações no estado, portando é um número expressivo. Dá uma fiscalização a cada 30 minutos “, diz o porta-voz do Corpo de Bombeiros de SP, capitão André Elias.
Celso Carvalho, ex-diretor de Prevenção de Riscos do Ministério das Cidades, diz que é preciso tomar medidas emergenciais para aumentar a segurança desses prédios:
“Manter as rotas de fuga, as escadas, os corredores, livres e desimpedidos, retirar todo esse material que está sendo estocado de forma irregular em escritórios e apartamentos. Não usar benjamins nas tomadas, verificar a fiação dos prédios, verificar a caixa de disjuntores elétricos, retirar bujões de gás que eventualmente estejam em locais dentro do prédio. O risco é imenso, esses prédios são verdadeiras bombas-relógio.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o laudo de vistoria do prédio que pegou fogo venceu 2011. A administradora declarou que estava adequando o edifício às normas.
Fonte: https://g1.globo.com/