Síndica do condomínio, no bairro Itararé, em São Vicente (SP), morreu seis dias após a assembleia em decorrência de uma hipertensão pulmonar. Ao g1, o filho e o viúvo dela, que era o administrador do prédio, revelaram que o casal sofreu agressões de moradores.
O filho do administrador de um condomínio, no bairro Itararé, em São Vicente, no litoral de São Paulo, que foi filmado tentando agredir uma moradora com uma bengalada em uma assembleia de prestação de contas, contou ao g1 que a mãe, de 64 anos, morreu em decorrência de uma hipertensão pulmonar [cor pulmonale, que significa coração pulmonar] após o caso ganhar repercussão.
O homem, de 36 anos, que preferiu não se identificar, negou irregularidades na administração do condomínio, e disse que as pessoas envolvidas na discussão estão ‘buscando se apoderar ilegalmente das funções’ então exercidas pela mãe dele, que era a síndica do edifício. A mulher morreu dia 13 de janeiro, seis dias após a assembleia.
“Eu vi minha mãe falecer diante dos meus olhos depois de tanta injustiça. Eu, como filho, me sinto amargamente arrasado. Não tive nem a possibilidade de sofrer o luto em paz porque essas mesmas pessoas aí exigiram documentações em 24h”. Ele contou que se não as entregasse, a promessa era de que a polícia seria chamada. “[São] desumanas, pessoas que minha mãe ajudou muito”, disse.
Ele afirmou que a confusão começou depois da demissão do zelador por justa causa. O ex-funcionário, que tinha 12 anos de serviços prestados ao condomínio, teria sido adicionado a um grupo de WhatsApp de moradores e opositores da síndica.
“Fez essa ação [entrou no grupo] com intuito de derrubar a síndica e manter [retomar] o emprego dele. Uma guerra infindável, um sofrimento muito grande, mas seguimos na luta”.
O viúvo da síndica e administrador do prédio, que também não quis se identificar, contou que as imagens dele tentando agredir uma moradora com uma bengala resultaram em um final trágico.
“Eu administro prédio e [isso] pouco me importa, porque prédio vai e vem, isso é o de menos. Agora, o que aconteceu aí foi da pior forma possível. Uma difamação, calúnia, injúria que teve alcance nacional, nos afetou e estamos abalados“.
Confusão na assembleia
Ele justificou que a assembleia foi cancelada após os participantes desligarem os equipamentos de áudio que estavam sendo usados. “Eles começaram com ofensas e a intimidar. A mesa diretora ficou pressionada o tempo todo porque eles não ficavam sentados em seus devidos lugares, ficaram agrupados em frente à mesa. Diante da pressão, ela [síndica] suspendeu, não havia clima“.
Segundo o administrador, uma equipe havia sido contratada para registrar e garantir a segurança de todos na reunião, já que na assembleia anterior teriam ocorrido ameaças.
“Esses rapazes que estavam protegendo as pastas de prestação de contas e se viram acuados”. Segundo ele, no nervosismo pegaram o material e pularam pela janela. Nessa ação, o administrador diz que os homens foram agredidos e as pastas se espalharam.
Na tentativa de recolhê-las, o administrador alegou ter sido empurrado pela mesma mulher que tentou agredir com a bengalada. Em seguida, resolveu dirigir-se até a esposa para que ela acionasse a polícia, mas foi novamente abordado pela moradora que teria cuspido nele.
“Aí realmente a gente reage por instinto. Eu virei para dar uma bengalada na cabeça dela que nem pegou direito, teve uma pessoa que interviu”, disse o homem.
Ele afirmou, ainda, que, após a morte da esposa, a subsíndica marcou uma assembleia para 23 de janeiro, de acordo com ele, de forma ilícita. “Ela me destituiu como administrador no dia 17 e não comunicou o edital para que todos os condôminos fossem informados que haveria essa assembleia”.
Relembre o caso
Imagens obtidas pelo g1 mostram a ação do administrador do condomínio tentando agredir a moradora com uma bengalada e, na sequência, tentou acertar um soco nela e em outro morador (veja o vídeo). Uma moradora que preferiu não se identificar contou que o administrador é viúvo da síndica do condomínio, que esteve no cargo nos últimos 30 anos.
Segundo ela, no ano passado a síndica demitiu um zelador querido pelos moradores, o que deixou os condôminos insatisfeitos a ponto de criar um grupo em um aplicativo de mensagens para articular a contratação de um administrador profissional. “A gente criou esse grupo no final de novembro com objetivo de juntar 1/4 de condôminos e ter uma assembleia extraordinária”, disse.
Ainda de acordo com a moradora, a reunião já estava atrasada em duas horas quando o administrador pegou o microfone e disse que não teria assembleia, que a convocação era mentirosa. “Levaram três seguranças para defesa dela [síndica], mas ninguém iria atacá-la”.
A mulher contou que, após o pronunciamento do administrador, um dos seguranças pegou as contas e pulou a janela. “Aí todo mundo pulou para pegar as pastas para ver porque queriam fugir e começou a bagunça”, disse.
Fonte: https://g1.globo.com/