Curitiba registrou no começo de 2021 um verdadeiro salto na quantidade de contratos de trabalho encerrados por morte do trabalhador. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgados pelo Ministério da Economia e compilados pelo Bem Paraná, no primeiro trimestre de 2021 o total de desligamentos por morte na capital paranaense mais que dobrou, sendo que entre as quatro profissões com mais ocorrências (faxineiro, cobrador de transporte coletivo, vigilante e porteiro de edifício) o aumento chegou a superar os 500%.
Entre janeiro e março, um total de 482 contratos de trabalho foram encerrados na capital paranaense após falecimento do trabalhador. Na comparação com os três primeiros meses de 2020, quando haviam sido registrados 209 desligamentos por morte, temos um aumento de 130,62%. Ademais, apenas em março último, quando o Paraná atravessou o momento mais grave da pandemia até aqui, 249 trabalhadores morreram, valor superior ao de todo o primeiro trimestre do ano anterior.
Quando analisado o ranking das profissões com mais registros neste começo de ano (confira as tabelas com os dados de Curitiba e do Paraná abaixo), fica evidente a prevalência de categorias que não puderam paralisar as atividades ou ao menos aderir ao home office durante a pandemia, com especial destaque aos trabalhadores de áreas como atividades administrativas, comércio, limpeza, segurança e transporte.
Os faxineiros, por exemplo, foram os profissionais com maior número de mortes no período analisado, com 24 registros, o dobro em relação a 2020. Na terceira posição aparecem ainda os vigilantes, com 18 óbitos entre janeiro e março de 2021 ante quatro registros em 2020 (crescimento de 350%); na quarta, os porteiros de edifícios, com 17 óbitos, nove a mais do que no primeiro trimestre do ano passado (e crescimento de 112,5%, portanto); enquanto os caminhoneiros completam o top cinco das profissões com mais desligamentos por morte, com 15 registros e crescimento de 400% na comparação com os primeiros meses do ano anterior.
Um dos aumentos mais expressivos nos desligamentos por morte na capital paranaense atinja justamente os cobradores de ônibus, com 19 falecimentos no primeiro trimestre de 2021 e crescimento de 533,33% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já entre os motoristas de ônibus, o salto no número de óbitos foi de 225%, passando de quatro registros num ano para 13 no outro.
Desde o começo do ano, inclusive, o número de vínculos empregatícios encerrados por conta de óbito do trabalhador permanece em nível elevado. Em 2020, por exemplo, o mês com mais desligamentos por morte foi agosto, com 429. Em 2021, por outro lado, foram 471 registros em janeiro e outros 461 em fevereiro. Já em março foram 922 registros, curiosamente o mesmo número de desligamentos por morte verificado ao longo de todo o primeiro trimestre de 2020.
Quando se analisa a ocupação do trabalhador, motoristas de caminhão foram os que mais morreram neste começo de 2021, com 148 desligamentos por morte e alta de 142,62% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Na sequência aparecem alimentadores de linha de produção, com 78 registros (+47,17% em relação a 2020); faxineiros, com 73 (+114,71%); vendedor do comércio varejista, com 66 (+106,25%); e auxiliar de escritório, com 52 (+147,62%).
Além disso, o ranking das 20 profissões com mais desligamentos por óbito mostra ainda que, no primeiro trimestre deste ano, os aumentos mais expressivos foram verificados entre vigias (+300%), cobradores de transportes coletivos (+250%) vigilantes (+225%), motoristas de furgão ou veículo similar (+214,29%) e porteiros de edifícios (+172,22%).
Indústrias, comércio e transporte são os ‘destaques’ no Estado
Além dos dados por ocupação do trabalhador, o Novo Caged também permite filtrar as informações conforme a seção ou setor no qual o profissional trabalhava. E no Paraná, os setores com mais desligamentos – e que também tiveram os maiores aumentos no número de mortes, em número absoluto – são: comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas; indústrias de transformação; transporte, armazenagem e correio; e atividades administrativas e serviços complementares.
No caso do comércio, foram registrados 384 desligamentos por morte no 1º trimestre de 2021, ante 226 no mesmo período do ano anterior. Nas indústrias de transformação, de um ano para o outro o número de contratos encerrados dessa forma subiu de 2020 para 372. No setor de transporte, armazenagem e correio, o aumento foi ainda mais expressivo (proporcionalmente), passando de 99 registros para 250. E por fim, nas atividades administrativas e serviços complementares, o total de desligamentos por morte subiu de 92 para 235 no período analisado.
Considerando apenas os dados da capital paranaense, temos atividades administrativas e serviços complementares em destaque, com 119 registros ante 45 do ano anterior. O comércio (o que inclui também reparação de veículos automotores e motocicletas) vem em seguida, com 85 registros em 2021 ante 42 em 2020; e na terceira posição aparece a seção de transporte, armazenagem e correio, com 69 desligamentos por óbito (em 2020 eram 20 registros no 1º trimestre do ano).