Construções irregulares avançam próximo à área onde prédios desabaram na Muzema
Há imóveis sendo vendidos por até R$ 100 mil. Região é a mesma onde 24 pessoas morreram em abril do ano passado, após o desabamento de dois prédios
Menos de um ano depois da tragédia na Muzema, onde dois prédios desabaram em abril matando vinte e quatro moradores, as obras irregulares continuam. Edifícios com até sete andares estão sendo construídos ilegalmente, ao lado de encostas. E há coberturas sendo vendidas por até R$ 100 mil.
Nesta terça-feira (7), foram flagradas várias construções em andamento. Em uma delas, é possível ver os alicerces prontos para que seja erguido mais uma andar no prédio. Em outra, um operário trabalha do lado de dentro do imóvel.
Os flagrantes foram feitos próximo ao condomínio Figueiras do Itanhangá, que ficou conhecido depois que dois prédios desabaram em abril de 2019. Os prédios, irregulares e ilegais, foram construídos por milicianos e já tinham sido interditados duas vezes antes do acidente. Após a queda, a prefeitura demoliu os prédios vizinhos e prometeu derrubar outros 14 edifícios ilegais.
Na época, a Justiça acatou um pedido do Ministério Público do RJ e proibiu a realização de obras e novas construções na região. Mas a determinação não foi cumprida.
Nesta terça, um morador de um dos prédios interditados e que seriam derrubados pela prefeitura foi flagrado no local.
“Muito difícil, as construções continuam e a prefeitura não faz nada”, disse uma moradora da Muzema que não quis se identificar.
A polícia investiga se a ação dos milicianos na região continua. De acordo com os agentes, os bandidos usam as mesmas estratégias para retardar as demolições e ações que impeçam o avanço das obras. Alguns apartamentos são vendidos ainda em construção.
Segundo a polícia, os três acusados pela construção dos prédios que desabaram em 2019 estão presos. O inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça. Os agentes investigam as novas obras na Muzema.
Em relação à fiscalização, a prefeitura respondeu, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Habitação e Conservação, que avalia a integridade das novas construções. Já a Secretaria de Urbanismo disse que vai enviar fiscais ao local para verificar os prédios.
Fonte: https://g1.globo.com/