Com o aumento no custo dos combustíveis fósseis e a batalha contra o aquecimento global, os veículos elétricos viraram tendência. Mas, como preparar os condomínios para receber toda essa demanda por elétricos?
A Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores, a Fenabrave, divulgou recentemente o número total de veículos comercializados no primeiro semestre de 2021. De acordo com a entidade, dos 1.006.685 automotores, 13.899 são eletrificados (100% elétricos + híbridos). Isso corresponde a um total de 1,4% de veículos comercializados que têm perfil elétrico.
Os números podem ser considerados baixos se observados de forma desatenta. No entanto, observa-se uma crescente pela busca desses veículos nos últimos anos, levando em consideração o alto preço do custo dos combustíveis fósseis, bem como, a demanda sustentável pelo combate ao aquecimento global.
A partir da importância desse tema para os próximos anos, convidamos o engenheiro eletricista Gilmar Otto, para tirar dúvidas e esclarecer questões pertinentes a esse avanço tecnológico que está se popularizando cada vez mais. Além disso, entender como os condomínios devem se preparar para receber esses que são considerados os carros do futuro.
Comprou o carro elétrico, e agora?
Em entrevista a CondTv, Gilmar iniciou a conversa apontando a pertinência de se discutir alternativas para os elétricos dentro dos condomínios. Segundo ele, os condomínios não estão preparados para receber esses automóveis, desse modo, quando determinado morador faz a aquisição do veiculo, gera uma dor de cabeça para síndicos e gestores.
Apesar do investimento em um carro elétrico ainda pesar no bolso do brasileiro, levando em consideração que o veículo mais barato nessa modalidade custa cerca de 150 mil reais, o especialista enxerga crescimento na procura por esses carros. Ele ainda aponta que Balneário Camboriú, área de sua atuação, tem um potencial ainda maior para receber esses carros, levando em consideração o poder aquisitivo de uma parcela dos moradores.
‘Gambiarras’
Por ser algo relativamente novo ao mercado brasileiro, e os condomínios não estarem preparados para isso, Gilmar afirma que a improvisação toma conta das garagens pelos condomínios. Uma tomada que serve para ligar um lava-jato, por exemplo, se torna fonte de energia para carregar um veículo de grande tensão. Desse modo, o especialista aponta alguns problemas sérios que podem surgir a partir disso.
“Infelizmente o que eu tenho visto é o normal do brasileiro né, que é a ‘gambiarra’. Primeiro que essa energia é do condomínio e não do morador, e essa tomada fica numa área comum do prédio, então, como cobrar isso dos moradores. Não temos medidores. Segundo é a potência. Carros elétricos necessitam de uma potência muito maior de carregamento. Estamos falando de potência muito superior à de um chuveiro, por exemplo. E nenhuma garagem está preparada para isso. Assim, vai sobrecarregar a elétrica e pode acontecer um superaquecimento e gerar até um incêndio.” Frisa Gilmar.
Soluções para o condomínio
Portanto, se trata de uma discussão que vai além da tecnologia que isso envolve, trata-se também de algo que pode comprometer a segurança de todo o condomínio. Dessa forma, qual seria a solução para esse problema?
O especialista aponta que deve haver um estudo de levantamento de carga, para identificar se o condomínio aguenta mais essa exigência de energia. Os critérios técnicos são extremamente importantes nesses quesitos, como transformadores e entradas de tomada. Desse modo, também é necessário identificar a capacidade do condomínio de receber mais carga, se mais de 90% da energia já estiver comprometida, cria-se um alerta.
A partir daí, outra problemática surge. Como demandar essa energia através das vagas de garagem dos moradores? Aqui, o especialista mostra duas alternativas, ou criar vagas especificamente para carregar essas baterias desses veículos, ou, adaptar as vagas de todos os condôminos para receberem esses carros. Ou seja, além da instalação de carga, deve-se fazer um projeto de infraestrutura elétrica dedicado a isso.
“Se eu pensar em um condomínio com 40 vagas, são 40 carros ligados ao mesmo tempo. Pensando nisso, tem que fazer uma rede de energia com cabos, disjuntores e interruptores e etc, tudo adaptado. Até as proteções de choque para crianças, por exemplo, deverão ser pensadas.” conta Gilmar.
O último passo, mas, não menos importante a ser feito, é a homologação da vaga. Esse tópico diz respeito ao quantitativo que terá que ser investido pelo morador. Aqui, entra na ponta da caneta toda infraestrutura necessária para o carregamento daquele veículo a ser utilizado individualmente. Nessa fase é importante discutir qual tipo de veículo será utilizado, qual demanda é necessária e quanto de energia pode ser disponibilizado a cada morador.
Importância do tema
Na conversa, o engenheiro ainda conclui que, pelo ponto de vista da valorização do condomínio, as adaptações podem ser muito positivas aos moradores. Afinal de contas, é um tema que está ganhando notoriedade, e, em alguns anos, essa pode ser a principal solução para veículos urbanos.
Por fim, o fator segurança deve ganhar destaque nessa discussão, levando em consideração que trata-se de grandes volumes de tensão energética, podendo resultar até em incêndios, caso exista manuseio incorreto da fonte. As manutenções e adaptações devem ser feitas por profissionais e empresas certificadas para não trazer maiores problemas no futuro.
Se você se interessa pelo tema e quer saber mais detalhes sobre a discussão, acesse a CondTV e confira a entrevista na íntegra.