Quando se discute a temática da gestão de um condomínio, existem máximas que devem ser levadas em consideração, como a idoneidade e paciência para lidar com os problemas diários. Mas, quando se fala em um condomínio de grande porte, essa discussão pode ser ainda mais tensa. Os desafios de gerir um condomínio de grande porte.
Em entrevista ao programa Condomínio em Pauta, com mediação de Ricardo Karpat, Margarete Montone e Luciana Volpiani, duas síndicas com experiência na gestão de grandes condomínios, contam sobre seus aprendizados e trazem dicas sobre como lidar com questões que surgem diariamente.
Na conversa, Margarete começou destacando o fato de cada condômino ter suas próprias expectativas e anseios. Por exemplo, condomínios grandes têm a participação muito maior de mães, pais e filhos na brinquedoteca. Desse modo, esse público vai cobrar por maiores ações nesse ambiente.
Os desafios de gerir um condomínio de grande porte
Desse modo, levando em consideração os diversos perfis presentes em um condomínio de grande porte, o síndico tem que buscar em cada área e em cada atividade, por exemplo, academia, piscina, churrasqueira, uma pessoa disposta a liderar discussões e ser o representante daquele local. Assim, aquele condômino que sempre frequenta a academia, sabe as necessidades que esse local tem, portanto, tendo mais propriedade para discutir sobre isso.
Para saber as particularidades e necessidades de cada indivíduo ou grupo, é necessário planejamento e política. Política no sentido de se aproximar da coletividade. Vale lembrar que o síndico depende dos votos que lhe são concebidos. Assim sendo, precisa do apoio popular. Portanto, se analisarmos o exemplo, muitas vezes aquela pessoa que frequenta a academia necessita de outra solução diferente de quem está na brinquedoteca.
As síndicas concordam no fato de que o gestor deve entender as vivências daqueles que estão ali todos os dias, os moradores. Além disso, tentar engajá-los por uma causa interna. Desse modo, os condôminos estabelecem as pautas e colaboram na gestão. Com ideias, na comissão, na análise, trazendo as prioridades e comentando as expectativas.
Mas, não se pode prever tudo, em consenso as síndicas comentam que todos os gestores estão sujeitos a erros. A partir do processo de aprendizagem que vem o resultado.
Condomínio grande X condomínio pequeno
Muitas vezes o síndico de um condomínio menor, vai pela sensibilidade e habilidade. O que não dá pra fazer num condomínio grande.
Usando outro exemplo prático, em um condomínio pequeno tem um total de quatro ou cinco adolescentes, no grande podem existir dezenas. Ou seja, alguém tem que pensar nesses moradores também.
Outra dica apontada pelas síndicas é ter um bom gestor predial. Eles podem ser considerados os olhos do condomínio. É o encarregado do prédio que vai comunicar questões pertinentes que talvez o síndico não tenha reparado.
“Ele está full time no condomínio, ele é um sensitivo, que está ali criando e administrando. É um ponto de apoio importantíssimo” comenta Luciana sobre o gestor predial.
Sem um bom gestor não existe uma boa sindicância
Ainda sobre o tópico, Ricardo Karpat complementa: “O síndico não é um deus. Ele usa toda a infraestrutura disponível, mas tem que acrescentar com o conhecimento de um bom gestor. Sem um bom gestor não existe uma boa sindicância.”
A partir das interpretações, o síndico tem que entender que está tratando de algo diferente. Não é a mesma coisa de um condomínio pequeno pois as experiências são outras. Luciana comenta sobre:
“O gestor deve levar em consideração que, uma coisa é você gerir um condomínio com 80 apartamentos, outra coisa é um condomínio com 400 apartamentos.”
Margarete conclui que: “A responsabilidade do síndico profissional está dentro de todas essas categorias, a omissão é um grande defeito”
“A gente como gestor, a gente atua em todas as pontas do condomínio, então tem que estar muito bem alinhado nos processos e procedimentos. Mas se você não tiver tudo bem estabelecido, o planejamento do processo, não vai dar certo. Então às vezes você tem que fazer testes. É bem trabalhoso.” pontua Luciana Volpiani.
Quanto maior, mais complexo
Karpat, por sua vez, comenta que a atenção tem que ser dobrada ou triplicada com o tamanho da dimensão do condomínio. “Tudo é maior, se você tem um filho, se você tem 5 filhos, o quão diferente é. No condomínio é a mesma coisa. Os problemas são muito maiores, as demandas são muito maiores. Tem que se preparar e ter cautela, pois quanto maior, mais complexo.
Portanto, é necessário também focar na humanização, no contato com os moradores Além disso, ter ao seu lado bons profissionais. No condomínio grande você trabalha muito com terceirização, então tem que saber delegar, pois é bem complexo.
“Nos delegamos tudo, mas temos que ter tempo e disponibilidade de ouvir e ser receptivo. Isso não se aprende nos livros, tem que ter uma filosofia e sensibilidade. Isso demanda tempo. Tem que pensar na hora de se candidatar para uma vaga em condomínio. Nada sobrepõe a dedicação e o contato com o ser humano.” finaliza Margarete Montone.