Iniciativa, em parceria com o CBCS, tem a meta de criar o primeiro banco de dados com os consumos de energia elétrica, gás e água de áreas comuns em condomínios residenciais da cidade de São Paulo. Empreendimentos terão referências confiáveis de comparação de consumo para adotar medidas de economia
O Secovi-SP (Sindicato da Habitação), em parceria com o CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), acaba de lançar o Programa de Ecoeficiência em Condomínios, cuja meta é fazer levantamentos sobre o estágio do consumo médio de água, luz e gás de áreas comuns em edifícios residenciais na capital paulista, criando o primeiro banco de dados do tipo. A iniciativa é das vice-presidências de Sustentabilidade, de Tecnologia e Qualidade, e de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato.
A partir da coleta dos dados, condomínios poderão comparar o seu consumo com outros semelhantes e verificar se seus gastos estão na média, abaixo ou acima. Neste caso, será possível investigar a existência de problemas como vazamentos, mau uso dos recursos ou desperdícios, e adotar medidas corretivas. Só para se ter uma ideia da participação desses itens nas despesas ordinárias mensais de um condomínio residencial regular, estima-se que a conta de luz represente entre 10% e 12% e água, de 12% a 15%.
A adesão de síndicos, além do apoio das administradoras, é fundamental para o sucesso do Programa, cuja primeira etapa consiste exatamente no levantamento de dados. Eles poderão preencher o formulário no site com as informações de consumo do seu condomínio dos últimos 12 meses. Basta se cadastrar e iniciar o preenchimento, seguindo as instruções. A coleta será feita até 31/10/2015.
Razões para participar
Há motivos de sobra para participar desse levantamento. Primeiramente, há uma crise hídrica sem precedentes, a qual obrigou a adoção de providências emergenciais com vistas ao uso racional dos recursos.
Além disso, a elevação de tarifas de água e energia estão preocupando os cidadãos, haja vista que os porcentuais aplicados estão bem acima do reajuste da renda da maioria dos condôminos.
Mensalmente, o Secovi-SP realiza relevante estudo para acompanhar a evolução das despesas em edificações residenciais: o Índice de Custos Condominiais (Icon).
No mês de julho, o item “Tarifas” do Icon – referente a água, energia e gás – registrou uma variação de 24,22% no acumulado do ano (janeiro a julho de 2015).
De acordo com o Índice, de janeiro a julho de 2015, a variação acumulada da conta de energia foi de 36,6%, a de água, 22,81%, e a de gás, 5,85%.
Considerando-se os primeiros sete meses dos últimos cinco anos, a conta de energia só sofreu aumento significativo em 2014 (de 11,22%). E em 2013 houve decréscimo de 9,81%. A conta de água permaneceu estável praticamente todos os anos, exceto em 2013, quando houve aumento de 2,4%. Já a despesa com gás apresentou altas em 2011 (5,17%), em 2012 (10,09%), em 2013 (6,48%) e 2014 (3%) – a exceção foi em 2010 (-0,5%).
Segundo Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, o Programa de Ecoeficiência em Condomínios será muito útil para os condomínios. “Para que o Programa seja bem-sucedido, contamos com a participação dos síndicos, que terão uma ferramenta para o controle de gastos das referidas contas e para a elaboração de medidas corretivas e preventivas, favorecendo a saúde financeira dos empreendimentos, além de contribuir para a preservação dos recursos naturais, que são finitos.”
As informações serão analisadas e consolidadas pelo CBCS, formando a primeira base de dados para comparações anuais. Os resultados serão publicados no próprio site do Programa. “Esta iniciativa irá permitir que cada vez mais pessoas acessem informações e referências atuais sobre o consumo de energia nas áreas comuns de suas moradias e, com isso, poderá estimular a conscientização sobre a necessária mudança de comportamento para o uso racional e a possível adoção de novas tecnologias e fontes alternativas de energia em empreendimentos residenciais”, explica Roberto Lamberts, conselheiro e coordenador do Comitê Temático Energia do CBCS. “Ao comparar o seu consumo real com a referência, o participante poderá identificar oportunidades de melhorias e ganhos não somente econômicos, mas, também, que envolvem as esferas da educação social e da preservação ambiental”, conclui Lamberts.
Uma segunda etapa consistirá no fornecimento de dicas e orientações sobre medidas que podem ser adotadas, com vistas à redução das despesas condominiais.
Crise econômica
“Um velho ditado ensina: ‘quem não mede, não gere’. Como nunca a gestão se mostra indispensável para controlar as despesas de um condomínio, haja vista que, mediante o difícil cenário econômico, a inadimplência tende a aumentar”, reforça Gebara.
Segundo levantamento do Secovi-SP, em julho deste ano, o número de ações judiciais por falta de pagamento da taxa condominial na cidade de São Paulo apresentou alta 74,8% em comparação com o mesmo mês de 2014. No acumulado de janeiro a julho houve variação de 37,6% em relação a igual período do exercício anterior.
“Como a multa por atraso no pagamento do condomínio é de apenas 2%, as pessoas optam por pagar as faturas do cartão de crédito, por exemplo, cuja taxa de juros é de 10% ao mês ou mais. Não sabemos quanto tempo o Brasil levará para superar a crise atual. Portanto, todas as medidas que possam contribuir para reduzir despesas são indispensáveis. Nesse sentido, o Programa Ecoeficiência se constitui em importante ferramenta para identificar se o edifício está acima da média geral e, em caso positivo, conscientizar os moradores e adotar medidas de correção”, conclui Gebara.
União de esforços
O desenvolvimento do site Ecoeficiência também contou com o empenho de mais duas vice-presidências do Secovi-SP, a de Sustentabilidade e a de Tecnologia e Qualidade.
No entender do vice-presidente de Sustentabilidade, Ciro Scopel, todas as ações que possam contribuir para a preservação de recursos naturais e gerar economias merecem especial empenho do setor imobiliário e da sociedade. “A existência de um instrumento que permita avaliar o nível de consumo nas edificações residenciais pode determinar um novo tipo de atitude e, principalmente, medidas adequadas. É preciso lembrar que a sustentabilidade se apoia em três pilares: ambiental, econômico e social. Evitar desperdícios atende pelo menos duas de suas grandes premissas.”
Para Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sindicato, as futuras referências decorrentes do site serão importantes também no que diz respeito à utilização de materiais que apresentem melhor desempenho. “Com base nos dados do Ecoeficiência, a realização de novos empreendimentos terá condições de identificar meios de ampliar o uso racional de água, energia e gás, com adoção de tecnologias de ponta. Conforme o caso, essas tecnologias também poderão ser empregadas em reformas de edifícios em operação”, considera.
Como participar
Síndicos devem acessar o site (www.ecoeficienciaemcondominios.com.br), efetuar o cadastro e informar os dados. Todas as informações têm caráter confidencial.
As administradoras podem colaborar no fornecimento de informações necessárias para o preenchimento do questionário.