A segurança em condomínios é uma preocupação primordial para garantir a tranquilidade e a proteção dos moradores. Com o aumento da criminalidade, torna-se cada vez mais necessária a adoção de medidas eficazes para prevenir incidentes e promover um ambiente seguro.
Neste artigo, apresentaremos uma série de dicas valiosas para melhorar a segurança em condomínios, desde a contratação de profissionais qualificados até a implementação de tecnologias de segurança avançadas.
Um aspecto importante relacionado à segurança é a escolha do bairro onde o condomínio está localizado. Afinal, alguns bairros são naturalmente mais seguros do que outros. Clique no link para buscar maiores informações sobre os bairros mais seguros do Brasil.
Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por exemplo, entre os anos de 2015 e 2016, o número de furtos e roubos em condomínios cresceu em 172%.
No entanto, é importante ressaltar que o problema pode ser percebido em diferentes regiões do país.
No ano passado, 2022, o influenciador Carlinhos Maia foi vítima de um roubo que deixou um prejuízo estimado de, pelo menos, R$ 5 milhões. O apartamento dele, localizado na capital alagoana, foi invadido por três assaltantes que conseguiram passar por todo o sistema de segurança do prédio sem que ninguém percebesse.
Após a prisão, um dos responsáveis pelo crime detalhou como tudo aconteceu e, para a surpresa dos investigadores, ninguém ligado a Carlinhos Maia estava envolvido. De acordo com um dos assaltantes, identificado como Eliabio Custódio, através das redes sociais foi possível determinar que o apartamento estaria vazio, uma vez que Carlinhos estava internado para uma cirurgia estética e o seu marido, Lucas Guimarães, estava viajando. Além dos detalhes obtidos virtualmente, os criminosos também estudaram a vizinhança local.
Custódio contou em entrevista que não sabia exatamente o que iria encontrar dentro do cofre que foi subtraído e só soube do valor das joias e dos relógios, após o caso repercutir na mídia. Parte dos objetos, estimados em cerca de R$ 2,5 milhões, foram devolvidos. Apesar do caso ter sido solucionado, Carlinhos Maia e seu marido só conseguiram voltar a viver no imóvel após reforçarem a segurança do local com a adoção de medidas como portas blindadas e contratação de segurança armada. “Tentam roubar os nossos sonhos, que a gente lutou para conseguir, simplesmente vêm e pegam”, disse o influenciador após o retorno.
Para Gilberto Barrancos, o autor dos livros “Gestão-Segurança em Condomínios”, publicado pela Editora Clube de Autores em 31 de março de 2022, e “Curso para Morar em Condomínios”, também publicado pelo Clube de Autores em 14 de fevereiro de 2018, é importante lembrar que, mesmo com casos de problemas semelhantes aos relatados, morar dentro de condomínios é mais seguro do que em “casas soltas”. “Existem aparatos que dificultam as invasões, como cercas concertinas, câmeras de vídeo, alarmes em geral, portarias com enclausuradoras, crachás de veículos, controle de entrada e saída e monitores com reconhecimento facial, portanto até o bandido chegar no seu apê o caminho é longo”, explica. Para o especialista, a tendência é que, cada vez mais, os brasileiros tenham preferência por residências em condomínios. “A cada dia que passa a insegurança cresce e a vontade de proteção das pessoas também”, afirma.
De acordo com ele, a implementação de tecnologias como as portarias virtuais também representa um importante fator de aumento de proteção. “Confirmo aqui que portaria remota é muito mais segura que o porteiro físico, com essa inovação o bandido não tem contato com o porteiro e nem tem como saber quando não há ninguém na portaria”, opina. O especialista explica que quando há crimes como furto e roubos existem diversas falhas de segurança que podem ser apontadas. “O bandido escolherá o prédio que menos oferece resistência”, pontua. Nesse sentido, destacam-se problemas como a falta de investimento em aparelhos tecnológicos que possam inibir tais ações ou ainda, a falta de treinamento e capacitação dos profissionais da portaria.
O advogado Rodrigo Karpat, especialista em questões condominiais e presidente da Comissão Especial de Direito Condominial no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), defende que a segurança condominial é uma questão que envolve todos aqueles que vivem ou trabalham nesse local, desde a gestão e funcionários, até condôminos e inquilinos. “Em termos de falhas, as mais comuns são: liberar alguém sem de fato prestar atenção quem é esse visitante, deixar alguém que vem atrás entrar sem nem saber se a pessoa mora no condomínio e, claro, uma bem comum, quadrilhas que se mascaram como entregadores, carteiros, funcionários de concessionárias de energia, tv, telefone etc. Nesse último caso é importante confirmar que o morador está esperando alguém, bem como a portaria só liberar se tiver essa confirmação” detalha.
Além disso, o não envolvimento dos moradores com a segurança do prédio também é uma questão determinante na eficiência da proteção desejada. “Se cada morador não respirar segurança 24 horas por dia, todos estão sujeitos a serem atingidos”, alerta Barrancos. Desse modo, pode ser fundamental manter-se atualizado sobre as políticas públicas de segurança do local onde se vive. No Ceará, por exemplo, o ex-secretário de Segurança Pública, Sandro Caron, revelou que a ideia é que, em breve, o Estado se torne referência no assunto. “Não adianta uma força fazer bem o seu papel e as outras não. Segurança pública é sistema”, explica.
Dicas de segurança em condomínio
Contratação de Vigilantes Qualificados:
Um elemento-chave na segurança em condomínios é a presença de vigilantes capacitados. Segundo o livro “Segurança em Condomínios”, de autoria desconhecida, é importante contratar profissionais de segurança treinados e habilitados, com conhecimentos em técnicas de patrulhamento, monitoramento de câmeras e controle de acesso. Os vigilantes desempenham um papel fundamental na prevenção de crimes e na resposta rápida a emergências.
Antes de contratar uma empresa de segurança, é necessário fazer uma visita na sede da empresa para verificar fatores como os colaboradores internos, a administração, o layout, os meios de controle de atendimentos e a central de atendimento.
O especialista também sugere visitar ou ligar para alguns clientes, de modo a avaliar o nível de satisfação com a empresa contratada.
Responsabilidades do Porteiro na Liberação de Visitantes:
O porteiro tem a função de controlar o acesso ao condomínio e garantir a segurança de todos. É essencial que o porteiro adote quatro atitudes ao liberar um visitante: identificar corretamente a pessoa, verificar sua autorização de entrada, registrar as informações relevantes e comunicar sua presença ao morador visitado. Essas medidas ajudam a evitar a entrada de pessoas não autorizadas.
Além disso, o síndico do condomínio deve sempre informar aos moradores sobre tudo que acontece no prédio. Para isso, criar um jornal ou um pequeno manual mensal ou semanal, pode ser uma estratégia interessante.
O Papel do Vigia de Condomínio:
O vigia de condomínio desempenha um papel fundamental na segurança preventiva. O vigia deve realizar rondas periódicas, inspecionar áreas comuns, verificar a integridade das cercas e portões, além de reportar quaisquer atividades suspeitas à administração do condomínio. Sua presença ativa e vigilante contribui para inibir ações criminosas.
Para o caso de segurança armada, é necessário garantir que tudo esteja ocorrendo conforme a lei e estar atento sempre a questões como a validade das munições e coletes de proteção. “O síndico deverá prestar muita atenção e contratar uma empresa que se dispõe, embora seja obrigação, de prestar treinamentos contínuos ao efetivo”, orienta Barrancos.
Abordagem Adequada por Parte do Vigilante:
Em situações em que a abordagem se faz necessária, um vigilante deve estar preparado para agir de forma profissional e segura. O vigilante deve abordar o indivíduo com calma e cortesia, solicitando informações sobre seu propósito no local e, se necessário, solicitar a identificação adequada. O treinamento adequado é essencial para que o vigilante saiba lidar com diferentes situações de forma eficaz.
Responsabilidades do Porteiro em Relação à Segurança:
O porteiro tem uma série de responsabilidades relacionadas à segurança em condomínios. Além de controlar o acesso de pessoas e veículos, ele deve zelar pela integridade das áreas comuns, monitorar câmeras de segurança, comunicar e registrar ocorrências e orientar os moradores sobre procedimentos de segurança.
No entanto, Karpat aponta que, algumas práticas comuns entre os moradores devem ser evitadas para que haja uma maior segurança. “Nunca deixe suas chaves na portaria. Prefira deixar com alguém conhecido. Para segurança e portaria em geral, siga sempre as normas de segurança do condomínio. São nesses ‘quebra galhos’ que os bandidos se aproveitam”, orienta.
Comunicação entre Moradores:
Estabeleça um sistema de comunicação eficaz entre os moradores do condomínio, como grupos de mensagens instantâneas ou aplicativos de comunicação interna. Isso permite que todos estejam cientes de questões de segurança, compartilhem informações sobre incidentes suspeitos e solicitem apoio em emergências.
Nesse contexto, Gilberto chama a atenção para uma falha recorrente em diversos condomínios do país. “Geralmente empresas que prestam serviços para condomínios não são de segurança, mas sim de serviços. Esta é uma grande falha que todos os moradores devem ter ciência”, destaca.
Manutenção de Áreas Externas:
Mantenha as áreas externas do condomínio bem cuidadas e livres de obstáculos. Isso inclui poda regular de arbustos e árvores, remoção de entulhos e manutenção adequada das áreas de estacionamento. Áreas bem iluminadas e visíveis reduzem o risco de esconderijos para atividades criminosas.
“Não adianta todos cumprirem os protocolos de segurança se esses são falhos, bem como o empreendimento apresente problemas estruturais que facilitam a entrada de criminosos”, acrescenta Rodrigo Karpat.
Conscientização dos Moradores:
Promova a conscientização dos moradores sobre medidas de segurança, como trancar portas e janelas, não abrir a porta para estranhos sem identificação adequada e relatar qualquer atividade suspeita à administração do condomínio ou autoridades competentes.
“Quando interfonarem para você sobre uma visita, preste bastante atenção na informação que a portaria está te passando. Isso porque, muitas vezes, assaltantes se aproveitam do descuido dos moradores para adentrar o condomínio. Em caso de condomínios sem portaria, a atenção deve ser redobrada. Mesmo se estiver aguardando alguém, observe essa situação”, aconselha o Karpat.
Treinamento em Prevenção de Incêndios:
Além da segurança contra crimes, a prevenção de incêndios também é essencial em condomínios. Realize treinamentos periódicos para os moradores sobre medidas de prevenção, uso correto de extintores e rotas de fuga em caso de emergência.
Parcerias com Empresas de Segurança:
Considere estabelecer parcerias com empresas de segurança especializadas em condomínios. Essas empresas podem oferecer serviços como monitoramento 24 horas, resposta a alarmes e rondas de segurança, proporcionando uma camada adicional de proteção para o condomínio.
Orientação sobre Uso de Áreas Comuns:
Forneça orientações claras aos moradores sobre o uso adequado de áreas comuns, como piscinas, academias e playgrounds. Isso inclui restrições de acesso a áreas específicas e regras de segurança para prevenir acidentes e garantir o bem-estar de todos.
Verificação de Credenciais de Prestadores de Serviço:
Ao permitir a entrada de prestadores de serviço no condomínio, como funcionários de entrega ou técnicos de manutenção, é importante verificar suas credenciais e solicitar a identificação adequada. Certifique-se de que os prestadores de serviço estejam autorizados e devidamente registrados.
Participação em Programas de Segurança:
Incentive a participação dos moradores em programas de segurança, como palestras, workshops ou grupos de discussão sobre segurança condominial. Isso promove a troca de experiências, o aprendizado conjunto e fortalece a cultura de segurança no condomínio.
Lembre-se de que essas dicas são apenas sugestões gerais e é essencial adaptá-las às necessidades e características específicas de cada condomínio. Ao implementar medidas de segurança, é sempre recomendável buscar orientação de profissionais especializados em segurança patrimonial e consultar as normas e regulamentos vigentes. A segurança em condomínios é uma responsabilidade coletiva, e a colaboração de todos é fundamental para criar um ambiente seguro e tranquilo.
Artigo revisado por:
Gilberto Barrancos Romero, autor de livros como: Gestão em Segurança Privada; Curso para Supervisor 1 e 2; A Verdadeira arma do Vigilante – A Caneta; O Mundo Real da Segurança Privada. Contato: gilberto.barrancos@gmail.com.
Rodrigo Karpat, Advogado militante na área cível há mais de 20 anos, sendo referência em direito imobiliário e questões condominiais. Presidente da Comissão Especial de Direito Condominial no Conselho Federal da OAB. Contato: @drkarpat, no Instagram.