Na semana passada postei vídeo sobre segurança condominial no meu canal no YouTube chamado “não caia na roubada”, onde recebi o seguinte comentário:
“Caro Dr. Lordello, trabalhei 6 anos como porteiro e mesmo sendo dedicado e cumpridor das regras internas de segurança, acabei sendo demitido. O zelador me contou que minha dispensa aconteceu pois muitos moradores achavam que eu era muito rígido. Estou bastante desanimado e vou buscar outra profissão. Nesse prédio onde trabalhei, parte dos moradores deixavam o portão de serviço aberto, abriam a garagem para estranhos e mesmo eu dando queixas ao síndico ele não tomava providências, pois não gostava de bater de frente com os condôminos”.
Sabe aquele ditado “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”…
Quem trabalha com controle de acesso e vigilância acaba passando por isso. Se o local for invadido por marginais, o primeiro a ser apontado como “culpado” é o porteiro.
Agora, quando o funcionário promove o cumprimento das regras internas de segurança, passa a ser taxado como chato, inconveniente e em alguns casos ameaçado de perder o emprego.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: mas como os porteiros devem agir para não criar mal estar quando precisarem dizer “não” a um pedido de morador?
Para não influenciar no relacionamento entre as partes, nem gerar estresse negativo, a estratégia é usar técnicas de comunicação para conduzir o morador a seguir as regras de segurança constantes no regimento interno.
Uma das orientações que forneço em meus treinamentos para profissionais de portaria, é mencionar que está sendo pressionado pela administração do local e vigiado pelas câmeras a fazer cumprir as normas de segurança. Dizer também que alguns moradores, preocupados com a possibilidade de invasão criminosa, estão fiscalizando a atuação dos funcionários; é uma maneira de mostrar a necessidade de seguir as regras para o controle de acesso de pessoas e veículos.
Se porventura o morador, que prefere comodidade, se manifestar contrário a uma norma, é melhor concordar com ele num primeiro momento. Em seguida, diga que seria importante ele levar essa demanda ao síndico para propor alteração no regimento interno. Ao final, comente que espera compreensão naquele momento, que depende do emprego para sustentar a família, que gosta muito de trabalhar no prédio e que tem feito o máximo para impedir que pessoas suspeitas entrem no local, pois tem como missão proteger todas as famílias residentes.
Minha experiência na área, diz que com “jeitinho”, estratégias assertivas e bom senso, porteiros podem driblar o mal humor, estresse e a ingerência de alguns moradores e assim fazer cumprir, fielmente, as normas de segurança estabelecidas a bem da coletividade.