Entenda quais cuidados tomar antes de contratar qualquer serviço.
No ano passado, os condomínios não sofreram tanto com a inadimplência causada pela primeira onda do coronavírus.
A grande maioria dos condomínios conseguiu adequar despesas mensais, repensar obras e benfeitorias e deixar o condomínio com a taxa no mesmo valor de 2019, de forma a não pesar para ninguém a taxa condominial – e evitar, também, o aumento da inadimplência.
Já estamos quase no meio de 2021 e já se sabe que, além da segunda onda, pode haver ainda a terceira onda.
Com isso, muitos condomínios não terão como manter as taxas nos mesmos níveis de 2019.
“É perigoso fazer isso e deixar o condomínio com uma falta de manutenção que poderá impactar mais para frente em gastos muito maiores”, pondera Gabriel Karpat, diretor da administradora GK.
Momento complexo financeiramente para condomínios
Os síndicos, realmente, contemplam um certo desafio com as contas do condomínio atualmente: o valor da taxa mensal, caso não tenha sofrido reajuste, está no limite. Há o medo de a inadimplência crescer caso a cota mensal seja atualizada – penalizando ainda mais aqueles que pagam suas responsabilidades em dia. Os contratos, salários e contas, aumentaram. E há, claro, a necessidade de às vezes fazer uma obra ou uma benfeitoria.
“Eu sempre prefiro poder contar com um dinheiro guardado para algo do tipo. Para mim, é fundamental ter um plano de médio e longo prazo e programar o dinheiro para fazer frente a estes gastos”, pesa Nilton Savieto, síndico profissional.
Tipos de serviços financeiros para condomínios
Há, porém, os condomínios que se encontram em uma situação em que uma ajuda externa pode ser necessária. Um fôlego bem-vindo que, usado e contratado com responsabilidade, pode trazer benefícios para a gestão condominial. Atualmente, há diversos serviços de crédito para o condomínio no mercado, desde fintechs a empresas focadas no mercado condominial, passando, inclusive, por bancos.
Confira abaixo algumas possibilidades de serviços para os condomínios:
– Garantidoras de crédito: essas empresas “compram” a arrecadação mensal do condomínio, garantindo assim que o empreendimento vai receber um total acordado previamente. Geralmente cobram uma porcentagem, dependendo do perfil de inadimplência. Nesse caso, os devedores pagam para a empresa, que se encarregam de fazer a cobrança;
Leia aqui matéria sobre garantidoras
– Venda da inadimplência: empresas do tipo compram o que já é devido ao condomínio – e se encarregam de cobrar dos inadimplentes.
– Crédito para obras e benfeitorias: o condomínio pode precisar de um grande aporte financeiro para uma mudança, como um retrofit, instalação de placas de energia solar ou algo do tipo.
“Muitos empreendimentos alugavam as placas. Agora, diversos têm optado pelo financiamento das mesmas. É com a economia na própria conta de energia que os empreendimentos pagam pelas placas”, explica Alexandre Sobral, que também trabalha com serviços financeiros para condomínios.
Cuidados antes de contratar um serviço financeiro para o condomínio
“Muitas soluções mágicas estão perdendo espaço no mercado condominial, que está cada vez mais profissionalizado”, argumenta Alexandre Bastos, que trabalha com serviços financeiros para o mercado condominial.
Isso porque o síndico deve ter muito cuidado ao escolher a empresa. O gestor também não deve tomar essa decisão sozinho – o ideal é que a contratação passe por assembleia, até para evitar situações como a do condomínio em Fortaleza que descobriu que o síndico contraiu um empréstimo quando as cobranças, em nome dos condôminos, começaram a chegar.
“A empresa que estiver emprestando dinheiro ou concedendo um benefício do tipo para o condomínio deve estar inscrita no Sistema Financeiro Nacional e deve ter autorização do Banco Central para funcionar. Também deve levar para assembleia essa contratação específica, explicando em detalhes o contrato – a não ser que a convenção ofereça uma ‘carta branca’ para o síndico contratar esse tipo de serviço”, analisa André Junqueira, advogado especializado em condomínios.
Falando em assembleia, é importante dizer que o tema da contratação do serviço financeiro já deve constar claramente na pauta de convocação dos condôminos. Para aprovar o serviço, maioria dos presentes é suficiente.
“A anuência da assembleia é fundamental para uma empresa séria, assim como um edital de convocação que obedeça a convenção do condomínio”, aponta Alexandre Sobral.
Além dos cuidados já elencados acima, Sobral aponta outro muito importante: a pesquisa.
“É importante que o síndico pesquise à fundo. Há diversas opções no mercado, produtos similares com taxas bastante diferentes, prazos para pagamento mais curtos ou mais longos. Tem que estar alerta para fazer o melhor negócio possível”, argumenta.